sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A entrada no Jardim de Infância


 

A adaptação ao jardim de infância. Este é um tema que, tal como muitos outros que envolvem crianças, se pode tornar complexo e gerar uma série de dúvidas, sobretudo para os pais e encarregados de educação.

Separação em pequenas doses
A adaptação a um novo espaço e a novas pessoas é um processo intrínseco ao desenvolvimento do ser humano e que se inicia desde muito cedo. A entrada para o jardim de infância, que regra geral ocorre a partir dos três anos (idade recomendada por educadores de infância e os pediatras), representa, para muitas crianças, o primeiro passo rumo à independência em relação aos pais, os quais se vêem obrigados a repartir a confiança e a responsabilidade de educar os seus filhos.
A adaptação das crianças deve ser progressiva pois cada uma tem a sua dinâmica e o seu ritmo próprio e cada uma leva o seu tempo para se ambientar ao novo espaço físico, às outras crianças e também aos adultos que passarão a fazer parte do seu dia-a-dia.
Cada caso é um caso
Não existe uma duração exacta do período de adaptação, ou seja, há crianças que levam uma semana, outras um mês ou até mais, dado que este processo também depende das características pessoais de cada um e da relação que mantêm com os pais.
Além disso, importa salientar que algumas crianças precisam de uma atenção especial e de algum colinho ou alguma conversa com um adulto, enquanto outras mostram-se, desde logo, muito autónomas e independentes e exploram livremente o novo espaço.
E quais a reacções as típicas por parte das crianças nesta fase? Nem todos reagem da mesma forma. Umas ficam logo muito bem dispostas, outras choram e/ou gritam e há ainda outras que rejeitam a alimentação. A experiência de não ter a exclusividade da atenção é apenas uma das muitas que o seu filho terá neste período e que estará na base deste tipo de reacções.

Caloiros na Escola






Na escola não há uma primeira vez.
 Existem várias primeiras vezes - tantas quanto as
 transições de ciclo. Mais uma corrida, mais uma viagem,
 mais uma mudança,  mais uma adaptação. 
 Cada novo ciclo volta a  ser como o primeiro dia de
 escola - a ansiedade, o medo de falhar, as expectativas.
Quanto mais radicais as mudanças, maior a angústia.
Os recém chegados  alegram-se com as novidades,  desorientam-se
 com as mudanças e têm de aprender a lidar com rotinas diferentes.
São caloiros , em suma.
 E qual a melhor maneira de iniciar a carreira escolar?
como é que os novatos vão apetrechados para a inauguração
 de mais um percurso? O que devem levar na bagagem?
 É que estes são, dizem os psicólogos,  anos de maior risco.
 E não há nada como começar com o pé direito.
Se aos 3 anos a estreia é total, aos seis iniciam-se nas contas
de multiplicar e na leitura. Aos 10, têm de adaptar-se a uma
escola maior e a uma dezena de professores. Aos 12, encontram novas
disciplinas e aos  15 já começam a pensar na faculdade.
Ao longo dos anos, as lágrimas vão secando. Os choros tradicionais
do pré-escolar são reprimidos, mas os medos continuam.
Muitas vezes, porque se deparam na escola com  um somatório
de testes de avaliação, quando deviam encontrar «um processo
afectivo», defende a psicóloga  Helena Marujo: «Primeiro há que
estabelecera relação e depois é que vem o bê-á-bá. O importante é
que os miúdos se entusiasmem com a ideia de continuar na escola.»
Não existe qualquer razão para que um menino de 6 ou 10 anos
sofra de enxaquecas crónicas por ter  medo de falhar na escola,
como já diagnosticou, no seu consultório, a psicóloga, especialista em
aconselhamento educacional. Cabe aos encarregados de educação
e aos professores desmistificar as  dificuldades e ajudar a descobrir
 o prazer da aprendizagem. «Os pais devem preocupar-se com a
felicidade  da criança, ver se faz amigos, se o professor respeita
 a sua individualidade e  não tanto se já aprendeu a  ler e a escrever.
Há que desdramatizar a escola.»
Passar de um professor para dez e de poucas dezenas de
colegas para várias centenas, como acontece na transição do
 primeiro para o segundo ciclo, pode parecer assustador, mas
contribui parao crescimento.
 «Hoje, temos a mania de proteger os meninos de tudo.
As frustrações fazem parte da vida.
Evitá-las seria seria sempre artificial».
 Afinal cada novo ciclo escolar é como o slogan inventado por
Fernando Pessoa para publicitar a Coca-Cola:
«Primeiro estranha-se, depois entranha-se.»