Na escola não há uma primeira vez. Existem várias primeiras vezes - tantas quanto as transições de ciclo. Mais uma corrida, mais uma viagem, mais uma mudança, mais uma adaptação. Cada novo ciclo volta a ser como o primeiro dia de escola - a ansiedade, o medo de falhar, as expectativas. Quanto mais radicais as mudanças, maior a angústia. Os recém chegados alegram-se com as novidades, desorientam-se com as mudanças e têm de aprender a lidar com rotinas diferentes. São caloiros , em suma. E qual a melhor maneira de iniciar a carreira escolar? como é que os novatos vão apetrechados para a inauguração de mais um percurso? O que devem levar na bagagem? É que estes são, dizem os psicólogos, anos de maior risco. E não há nada como começar com o pé direito. Se aos 3 anos a estreia é total, aos seis iniciam-se nas contas de multiplicar e na leitura. Aos 10, têm de adaptar-se a uma escola maior e a uma dezena de professores. Aos 12, encontram novas disciplinas e aos 15 já começam a pensar na faculdade. Ao longo dos anos, as lágrimas vão secando. Os choros tradicionais do pré-escolar são reprimidos, mas os medos continuam. Muitas vezes, porque se deparam na escola com um somatório de testes de avaliação, quando deviam encontrar «um processo afectivo», defende a psicóloga Helena Marujo: «Primeiro há que estabelecera relação e depois é que vem o bê-á-bá. O importante é que os miúdos se entusiasmem com a ideia de continuar na escola.» Não existe qualquer razão para que um menino de 6 ou 10 anos sofra de enxaquecas crónicas por ter medo de falhar na escola, como já diagnosticou, no seu consultório, a psicóloga, especialista em aconselhamento educacional. Cabe aos encarregados de educação e aos professores desmistificar as dificuldades e ajudar a descobrir o prazer da aprendizagem. «Os pais devem preocupar-se com a felicidade da criança, ver se faz amigos, se o professor respeita a sua individualidade e não tanto se já aprendeu a ler e a escrever. Há que desdramatizar a escola.» Passar de um professor para dez e de poucas dezenas de colegas para várias centenas, como acontece na transição do primeiro para o segundo ciclo, pode parecer assustador, mas contribui parao crescimento. «Hoje, temos a mania de proteger os meninos de tudo. As frustrações fazem parte da vida. Evitá-las seria seria sempre artificial». Afinal cada novo ciclo escolar é como o slogan inventado por Fernando Pessoa para publicitar a Coca-Cola: «Primeiro estranha-se, depois entranha-se.» |
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Caloiros na Escola
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